sábado, 11 de dezembro de 2010

JOGOS TRADICIONAIS



 
São jogos de domínio público, que evoluíram ao longo dos séculos. De Ludo a Go, passando por Damas, Gamão, Mancalas... Aqui você encontrará regras, origens, história, curiosidades.




Uma breve história dos jogos de tabuleiro
Sua origem parece estar ligada às primeiras cidades de que se tem notícia, há alguns milhares de anos, nas regiões do antigo Egito e da Mesopotâmia (hoje Iraque). Foram encontrados em escavações arqueológicas objetos e desenhos que parecem ser ou fazer referência a jogos de tabuleiro.
Há traços de que mais tarde os jogos tenham aparecido em vários lugares do mundo antigo, tais como Índia, China, Japão, Pérsia, África do Norte e Grécia.
Depois, os jogos de tabuleiro chegaram até Roma, outros países da Europa e os países árabes.


Alguns dos jogos mais conhecidos e suas origens
Gamão: Provavelmente essa família de jogos teve origem no início das civilzações egípcia e suméria. Tabuleiros parecidos com os de hoje foram encontrados em escavações arqueológicas.
Xadrez: Aparentemente surgiu na Índia. As primeiras referências datam do século VII.
Damas: Surgiu na Europa medieval, sem que se possa precisar local e data. Recebeu elementos do Alquerque e do Xadrez.
Ludo (Pachisi): O jogo surgiu na Índia, possivelmente na mesma época do Xadrez. Era chamado de Pachisi. Foi patenteado como Ludo por um inglês no final do século passado, na forma como o conhecemos hoje.
Go: Por esse nome é conhecido no Japão e no Ocidente o jogo Wei Ki, aparentemente de origem chinesa. As primeiras referências ao jogo datam do século 6 A.C., mas deve ter surgido bem antes disso. É provavelmente o jogo de tabuleiro mais antigo do mundo, no sentido de que é aquele que há mais tempo permanece em uma forma inalterada. É muito jogado em vários países da Ásia.
Dominós: A origem dos dominós parece ser chinesa. Há referências de dominós na Europa a partir do século XVIII, mas deve ter aparecido no continente antes disso. Os dominós são populares num grande número de países.

 

Leia mais sobre:
Xadrez
GoMancalas
Damas
Damas Chinesas
Gamão
Dominós
Jogo Real de Ur
Pachisi (Ludo)Shogi (Xadrez Japonês)
Xiang Qi (Xadrez Chinês)
Trilha ou Moinho
Alquerque
Jogo do Ganso
Serpentes e Escadas
A Raposa e os Gansos
 
Jogos de Dados

Jogos de Tabuleiro e Interação

 
 
     Há alguns anos, os jogos de tabuleiro faziam parte da diversão de toda criança. Hoje, a televisão e o videogame ocuparam boa parte do espaço antes destinado a eles.
     É verdade que os jogos de computador e videogame oferecem recursos que os de tabuleiro não oferecem. E que frequentemente podem ser mais envolventes do que eles.
     Mas há um aspecto dos jogos tradicionais que não foi substituído: a interação com os demais jogadores.
Interação com os demais jogadores significa diversão. Quando você joga um jogo de tabuleiro com os seus amigos, boa parte da farra está na interação. Um atacando o outro, o outro revidando, uma aliança com um terceiro, a gargalhada quando aquele que estava ganhando é passado para trás. Você assume um papel, uma postura, que não são os seus na vida cotidiana. Isso tudo além das brincadeiras, conversas paralelas, etc.
     Interação com os demais jogadores também significa bons momentos com a família. Muitos jogos de tabuleiro podem ser jogados por crianças mas também servem aos adultos. E não é sempre que uma família tem oportunidade de se reunir numa mesma atividade, passar bons momentos em conjunto.
     As relações humanas tornam-se cada vez mais raras. E todos sentem falta disso, ainda que não se dêem conta. Não deve ser sem motivo que nos Estados Unidos os jogos de tabuleiro tenham tidos nos últimos anos um crescimento de mercado bem maior do que os jogos de computador. E que na Europa a produção de jogos e a variedade de novos títulos seja realmente impressionante. Será que no Brasil passaremos por algo semelhante? É difícil dizer. Mas não há dúvida de que seria muito saudável se uma parte do tempo que hoje dedicamos à TV, ao videogame e ao computador fossem transferidos para atividades onde as relações humanas são privilegiadas, tais como os jogos de tabuleiro.

 
André Zatz

(jornalista e criador de jogos, é um dos sócios da SB Jogos)

domingo, 21 de novembro de 2010

PARAQUEDAS

Brinquedo fácil de fazer, simples que necessita de pouco material.


Material: Sacola plástica, linha, tesoura, um boneco pequeno (que vai servir de contra peso).

Como Fazer: Cortar as alças e o fundo da sacola plástica. Cortar a sacola ao meio.
Depios de tudo cortado, amarra as 4 pontas da sacola plástica com a linha, 4 fios do mesmo tamanho.

Agora é só amarrar seu bonequinho aos 4 fios juntos, e partir para a brincadeira.





Aluno cortando a alça da sacola plástica.




Alunos se ajudando para cortar o fundo da sacolas plástica.



      

Alunas amarrando as pontas da sacola plástica com um dos 4 fios.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Abordagens pedagógicas em educação física

           As abordagens pedagógicas da Educação Física podem ser definidas como movimentos engajados na renovação teórico - prático com o objetivo de estruturação do campo de seus conhecimentos que são específicos da educação física.
        Para apresentação das principais abordagens presentes na Educação Física, desenvolvimentista, construtivista, critico - superadora, farei uso das informações contidas no quadro apresentado por DARIDO (2003).
Abordagem desenvolvimentista 
         Tem como seu conteúdo habilidades básicas, habilidades especificas, jogo, esporte e dança. Sua finalidade é a adaptação aos valores presentes na sociedade, para isso fazem uso da equifinalidade, variabilidade, solução de problemas. A temática principal fica por conta das habilidades, aprendizagem e desenvolvimento motor.

Abordagem construtivista
        Tem como seu conteúdo brincadeiras populares, jogo simbólico e jogo de regras. Sua finalidade é a construção do conhecimento através do resgate de conhecimento do aluno para a solução de problemas. A temática principal fica por conta da cultura popular, do jogo e do que é lúdico.
Abordagem critico - superadora
        Tem como seu conteúdo os conhecimentos sobre o jogo, esporte, dança e ginástica. Sua finalidade é a transformação social, para isso usam uma tematização da aula. A temática principal é a cultura corporal em uma visão holística.

Abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs

        Os parâmetros curriculares nacionais tem suas origens na Europa, mais especificamente na Espanha. Tem como objetivo principal a busca por uma sistematização da Educação através de temas transversais para a promoção de uma interdisciplinaridade. No Brasil, como afirma DARIDO (2003)
os PCNs acreditam que eleger a cidadania como eixo norteador significa entender que a educação física na escola é responsável pela formação de alunos que sejam capazes de participar de atividades corporais, adotando atitudes de respeito mutuo, dignidade e solidariedade,...
        Além das abordagens apresentadas no texto, ainda existem outros movimentos que podem ou não serem sugeridos como abordagens pedagógicas para a educação física, como apresenta DARIDO (2003). São elas as abordagens, sistêmica, critico emancipatória, jogos cooperativos, saúde renovada. Além das que será tratada ainda neste artigo que é a abordagem cultural.

Especificidade pedagógica, pratica escolar e objetivos da educação física: reflexões a partir da Abordagem Cultural.
     
        Afinal, qual é a especificidade da educação física? Qual seria essa sua prática pedagógica? Diferentes respostas a essas questões foram levantadas por cada abordagem desenvolvida durante os anos de "crise" da Educação Física.
       Talvez a especificidade da educação física esteja atrelada a idéia de DAÓLIO (2003) que pensa a educação física como uma construção social, tal como a concepção de corpo que ela difunde entre seus profissionais. Essa reflexão se torna muito forte no momento em que é vista a partir das diferentes construções do corpo durante o período de nossa história social. O processo civilizador, apresentado por ELIAS (1990), deixa claras as transformações de uso do corpo no dia a dia da sociedade, em diferentes países, porém todos sob a influência dos costumes que se construíam na França em uma tentativa da nobreza em se manter diferente do povo. MAUSS (1974) também apresenta diferentes técnicas corporais que pode observar, desde as diferenças entre os ritmos de marcha entre os exércitos da Inglaterra e da França, até a maneira de aborígines australianos dormirem. Todos estes aspectos que fazem parte de uma constante construção cultural, particular a cada povo, onde se apresenta diferentes soluções para situações que podem ser julgadas como iguais.

domingo, 14 de novembro de 2010

COMO AVALIAR EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Como avaliar na Educação Física
Esqueça uniforme, frequência ou "veia" de campeão. Para levar os alunos a conhecer o próprio corpo, o melhor caminho é diagnóstico prévio e análise constante
Cristiane Marangon (novaescola@atleitor.com.br)
Na Educação Física a avaliação é a chance de verificar se o aluno aprendeu a conhecer o próprio corpo e a valorizar a atividade física como fator de qualidade de vida. Portanto, nada de considerar apenas a frequência às aulas, o uniforme ou a participação em jogos e competições - nem comparar os que têm "veia" de campeão com os que não têm. Não há uma única fórmula pronta para avaliar, mas é essencial detectar as dificuldades e os progressos dos estudantes. "O mais indicado é não utilizar um só padrão para todos, mas fazer um diagnóstico inicial para poder acompanhar o desenvolvimento de cada um", resume Alexandre Moraes de Mello, diretor da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Em fichas, a evolução 
Cleverson da Silva, professor do Colégio Estadual Núcleo Social Yvone Pimentel, em Curitiba, sempre verifica a condição física de seus alunos. No começo de 2002 ele notou que Karoline Pialecki, da 6ª série, tinha pouca flexibilidade para a idade e as condições físicas. Silva deu alongamentos em todas as aulas e, em agosto, repetiu o teste (fotos ao lado). A menina tinha evoluído 11 pontos. "Hoje o passatempo dela e das amigas é fazer exercícios na hora do intervalo", diz. Para perceber os avanços de cada aluno, Silva criou fichas em que anota a evolução aula por aula. Outros instrumentos muito úteis são relatórios, dinâmicas, redações e auto-avaliações.

O caminho das pedras
Na Educação Física, como em todas as outras áreas, para avaliar bem é preciso definir os objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado e os critérios para observar a evolução da aprendizagem. Exemplos: descobrir o próprio corpo para utilizá-lo melhor em atividades motoras básicas (correr, saltar) ou específicas (passes no basquete ou handebol, chutes no futebol) e compreender e respeitar as regras de um jogo e agir cooperativamente.

As primeiras aulas funcionam como referência, para que o professor faça a análise inicial da turma, observando e registrando as características de cada estudante. Independentemente de o grupo conhecer ou não a atividade, é preciso explicar, desde o início, os motivos pelos quais ela faz parte do programa, quais os movimentos, as capacidades e as habilidades que serão trabalhados e que aspectos serão avaliados, coletiva e individualmente. "O estudante precisa conhecer quando e como será julgado", explica Caio Martins Costa, consultor na área de Educação Física do Colégio Friburgo, em São Paulo.


Prazer de ver avançar quem tem pouca aptidão
É comum o professor de Educação Física encher os olhos quando vê alunos habilidosos nos esportes. Alexandre Moraes de Mello propõe olhar também de modo inverso.

"A criança com pouca vivência motora é a mais importante para o trabalho docente, justamente porque representa um desafio", diz. Com esse tipo de estudante é preciso aplicar métodos adequados para trabalhar suas dificuldades específicas. Mello afirma que agir dessa maneira compensa, pois o prazer de ver o crescimento do estudante não tem preço.
Os três focos 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam três focos principais de avaliação na Educação Física:


Valorização da cultura corporal de movimento É importante avaliar não só se o educando valoriza e participa de jogos esportivos. Relevante também é seu interesse e sua participação em danças, brincadeiras, excursões e outras formas de atividade física que compõem a nossa cultura dentro e fora da escola.

Relação da Educação Física com saúde e qualidade de vida
  É necessário verificar como crianças e jovens relacionam elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito mais amplo, de qualidade de vida.
Realização das práticas É preciso observar primeiro se o estudante respeita o companheiro, como lida com as próprias limitações (e as dos colegas) e como participa dentro do grupo. Em segundo lugar vem o saber fazer, o desempenho propriamente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização das mesmas. O professor deve estar atento para a realização correta de uma atividade e também como um aluno e o grupo formam equipes, montam um projeto e agem cooperativamente durante a aula.
Quer saber mais?
Caio Martins Costa, e-mail: caiomc@uol.com.br
Colégio Estadual Núcleo Social Yvone Pimentel, R. Sebastião Malucelli, 532, 81050-270, Curitiba, PR, tel. (0_ _41) 246-3945

BIBLIOGRAFIA
A Prática Educativa, Antoni Zabala, 224 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 34 reais
Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física, João Batista Freire, 224 págs., Ed. Scipione, tel. (0_ _11) 3277-1788, 20,90 reais
Metodologia do Ensino de Educação Física, vários autores, 120 págs., Ed. Cortez, tel. (0_ _11) 3864-0111, 16 reais
Psicomotricidade, Educação Física e Jogos Infantis, Alexandre Moraes de Mello, 96 págs., Ed. Ibrasa, tel. (0_ _11) 3107-4100,18 reais 

sábado, 30 de outubro de 2010

DODGEBALL

Dodgeball é um jogo parecido com a queimada, onde se joga 2 equipes com 6 jogadores cada. No centro da quadra, que pode ser a quadra de volei são colocadas 6 bolas.

Os jogadores deverão ficar com os pés na linha de fundo da quadra, e ao sinal do Professor deverão correr até as bolas, e iniciar o jogo.




 Cada jogador queimado está eliminado, só podendo voltar se algum jogador da sua equipe conseguir segurar a bola sem que ela bata no chão.
A equipe que conseguir queimar a outra primeiro, será a vencedora.




"VAMOS JOGAR E NOS DIVERTIR, AFINAL ISSO É DODGEBALL."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O JOGO E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Pedagogos e psicólogos estão de acordo em que o Jogo Infantil é uma atividade física e mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal como a sociabilidade, de forma integral e harmoniosa. A criança evolui com o jogo e o jogo da criança vai evoluindo paralelamente ao seu desenvolvimento, ou melhor, dizendo, integrado ao seu desenvolvimento.
Independente de época, cultura e classe social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos, onde realidade e faz-de-conta se confundem. (Kishimoto, 1999).
O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo.
O caráter de ficção é um dos elementos constitutivos do jogo e, é um modo de expressão de grande importância, pois também pode ser entendido como um modo de comunicação em que a criança expressa os aspectos mais íntimos de sua personalidade e sua tentativa de interagir com o mundo adulto.
Pelo jogo as crianças exploram os objetos que os cercam, melhoram sua agilidade física, experimentam seus sentidos, e desenvolvem seu pensamento. Algumas vezes o realizarão sozinhos, em outras, na companhia de outras crianças, desenvolvendo também o comportamento em grupo. Podemos dizer que aprendem a conhecer a si próprios, ao mundo que os rodeia e aos demais.
Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (p.117). Em sua visão, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal favorecendo e permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento real já alcançado permitindo-lhe novas possibilidades de ação sobre o mundo.

Huizinga (1980) filósofo da história, em 1938, escreveu seu livro “HOMO LUDENS” no qual argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (HOMO SAPIENS) e a fabricação de objetos (HOMO FABER), então a denominação HOMO LUDENS, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da civilização.
Huizinga define jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.”
O jogo da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é uma simples recreação, o adulto que joga afasta-se da realidade, enquanto a criança ao brincar/jogar avança para novas etapas de domínio do mundo que a cerca.
Também a auto-estima, uma das condições do desenvolvimento normal, tem sua gênese na infância em processos de interação social – na família ou na escola – que são amplamente proporcionados pelo brincar.
É de grande importância que os professores compreendam e utilizem o jogo como um recurso privilegiado de sua intervenção educativa.
O papel do professor
Apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.
Podemos sintetizar algumas funções do professor frente aos jogos:
Providenciar um ambiente adequado para o jogo infantil
A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de jogos, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.
Selecionar materiais adequados
O professor precisa estar atento à idade e às necessidades de seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam, pelo material de que são feitos. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças. A sucata, é um exemplo de material que preenche vários destes requisitos.
Permitir a repetição dos jogos
As crianças sentem grande prazer em repetir jogos que conhecem bem. Sentem-se seguras quando percebem que contam cada vez com mais habilidades em responder ( ou executar) o que é esperado pelos outros; sentem-se seguras e animadas com a nova aprendizagem.
Enriquecer e valorizar os jogos realizados pelas crianças
Uma observação atenta pode indicar os professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem. Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existem ganhadores ou perdedores. Outro modo de estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como brincava quando tinha a idade delas. Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância dessa atividade para o desenvolvimento da criança, ocupa-se com outras tarefas, deixando de observar atentamente para poder refletir sobre o que as crianças estão fazendo e perceber seu desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas novas aquisições, as relações com as outras crianças, com os adultos. Para tanto, pode ser elaborada uma planilha, um guia de observação que facilite o trabalho do professor.
Ajudar a resolver conflitos
Durante certos momentos dos jogos acontecem com certa freqüência pequenos conflitos entre as crianças. A atitude mais produtiva do professor é conseguir que as crianças procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e compartilhar.
Respeitar as preferências de cada criança
Através dos jogos cada criança terá a oportunidade de expressar seus interesses, necessidades e preferências. O papel do professor será o de propiciar-lhes novas oportunidades e novos materiais que enriqueçam seus jogos, porém, respeitando os interesses e necessidades da criança de forma a não forçá-la a realizar determinado jogo ou participar de um jogo coletivo.
Não reforçar papéis sexistas/e ou outros valores do professor
"Os brinquedos aparecem no imaginário dos professores de educação infantil como objetos culturais portadores de valores considerados inadequados. Por exemplo, bonecas Barbies devem ser evitadas por carregar valores americanos. Bonequinhos guerreiros , tanques, armamentos e outros brinquedos, com formas bélicas, recebem o mesmo tratamento por estarem associados à reprodução da violência. Brincadeiras de casinhas com bonecas devem restringir-se ao público feminino. Brincadeiras motoras, com carrinhos e objetos móveis, pertencem mais ao domínio masculino. Crianças pobres podem receber qualquer tipo de brinquedo, porque não dispõem de nada. A pobreza justifica o brincar desprovido de materiais e a brincadeira supervisionada. Escolas representadas por diversas etnias começam a introduzir festas folclóricas, com danças, comidas típicas, como se a multiculturalidade pudesse ser resumida e compreendida como algo turístico, pelo seu lado exótico, apenas por festas e exposições de objetos típicos, não contemplando os elementos que caracterizam a identidade de cada povo. Enfim, são tais atitudes que demonstram preconcepções relacionadas à classe social, ao gênero e à etnia, e tentam justificar propostas relacionadas às brincadeiras introduzidas em nossas instituições de educação infantil". (Kishimoto, 1999)
Tanto meninos quanto meninas expressam através de seus jogos grande parte dos usos e relações sociais que conhecem. O jogo é, por sinal, um meio extraordinário para a formação da identidade e a diferenciação pessoal. Entretanto, os professores precisam ser bastante cuidadosos e sensíveis para não reproduzir através de seus valores, os papéis sexistas tradicionais. Neste sentido possibilitar que meninos e meninas joguem juntos, evitando expressões como "os meninos não jogam...." ou, "isto não é para uma menina...", estimulando e favorecendo o crescimento e a identidade tanto de meninos como meninas, sem reforçar esteriótipos sociais, ainda existentes em muitas regiões do país ou arraigados em certas culturas.
Bibliografia:
HUIZINGA,J. “Homo Ludens – O Jogo como elemento da Cultura” Ed. Perspectiva
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3ª edição, SP: Cortez, 1999.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

"Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação humana". Carlos Drummond de Andrade
"Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo- o que ela gostaria que ele fosse, quais suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos". Bruno Bettelheim

" Brincar é um componente crucial do desenvolvimento, pois, através do brincar a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os aspectos esmagadores e desorientadores do mundo. Na verdade, o brincar é um parceiro insubstituível do desenvolvimento, seu principal motor. Em seu brincar, a criança pode experimentar comportamentos, ações e percepções sem medo de represálias ou fracasso, tornando-se assim mais bem preparada para quando o seu comportamento 'contar'". Howard Gardner
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Vera Lúcia Camara F. Zacharias é mestre em educação, pedagoga, consultora em educação, com vasta experiência na área educacional em geral, e na assessoria e capacitação de profissionais das mais diversas áreas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

domingo, 26 de setembro de 2010

Professor Nota 10...2009

Projeto: Chaturanga
Professor: Sérgio Jesus de Andrade
Disciplina: Educação Física Escolar
Faixa Etária: 2º e 3º Anos do Ensino Fundamental
                                                                                          
JUSTIFICATIVA
O Projeto nasceu de uma conversa entre professores, equipe gestora e alunos, da EMEB Prof. Geraldo Pinto Duarte Paes, onde as aulas de Educação Física têm um formato diferenciado das demais escolas da rede municipal de ensino da cidade de Jundiaí, sendo ministradas em formato de oficinas específicas. Nesta escola os alunos vivenciam diferentes oficinas, entre elas a oficina Corpo e Movimento onde foi desenvolvido o Projeto Chaturanga.
Com a reforma da quadra; o pouco espaço para as aulas de educação física; combinado com a falta de rendimento dentro de sala devido ao pouco nível de atenção dos alunos; as altas temperaturas do início do ano letivo e pensando em proporcionar aulas que fossem interessantes e significativas, que os alunos conseguissem desenvolver habilidades e competências, decidi construir este projeto de xadrez, possibilitando que os alunos participassem de atividades físicas constantes nas expectativas de aprendizagem da escola, com estratégias diferenciadas do currículo escolar.
Dentro do projeto da escola, “Respeito de Todo jeito”, que visa tornar nossos alunos cidadãos autônomos, e capazes de tomar decisões acertadas nas suas vidas, optei pelo xadrez, que é um jogo com infinitas possibilidades de jogadas e entre todas você sempre precisa escolher a melhor, sendo ainda um jogo que desperta a imaginação e a atenção de milhões de jogadores desde a sua criação.
OBJETIVOS, CONTEÚDOS CURRICULARES, METODOLOGIA
Neste relato optei por utilizar os objetivos, conteúdos curriculares e metodologia em uma só parte, tendo em vista que o projeto se deu de forma uniforme e dinâmica.
O principal objetivo deste trabalho é de ser uma proposta diferenciada. Sendo assim, realizei com os alunos, um levantamento sobre tudo que gostariam de aprender. Dentre tantas propostas sugeridas, optei por uma que fosse inovadora, em que eles não tinham muito conhecimento. Para minha satisfação, surgiu o xadrez, que além de ser uma proposta desafiadora é estimulante.
Desafio lançado: conseguir aplicar um conteúdo novo para 250 alunos de 2º e 3º anos do ensino fundamental. O xadrez, que dentro de tantas outras qualidades, desenvolve a capacidade de concentração e raciocínio nos alunos.
No primeiro momento foi realizado levantamento de conhecimentos prévios, oralmente e em situação de jogo. Muitos não sabiam como era o jogo e nem como se jogava, alguns não tinham nunca visto um tabuleiro, outros alunos já sabiam jogar. Após esta etapa, iniciou-se a apresentação do tabuleiro e das peças aos alunos, por meio de uma história. O tabuleiro foi montado passo a passo, assim como o movimento das peças. Os alunos foram se envolvendo com toda a história, perguntando, participando das aulas, sempre com vontade de saber mais e conhecer o movimento de todas elas para que pudessem jogar de acordo com as regras próprias do jogo.
Ao final da etapa de conhecimento das peças e montagem do tabuleiro, era hora de jogar, colocar em prática o que foi aprendido nas aulas anteriores. Para minha surpresa e satisfação uma boa parcela dos alunos assimilou o conteúdo, e o jogo corria solto nas salas de aula.
As oficinas de xadrez tiveram duração de dois meses, totalizando oito aulas, que aconteceram uma vez por semana, agregadas ao planejamento de Educação Física.
As aulas foram teóricas e práticas. Trabalhamos em sala de aula e na lousa interativa. No início de todas as aulas foram distribuídos aos alunos os tabuleiros e as peças do xadrez para que as crianças se apropriassem do jogo.
As oficinas foram desenvolvidas da seguinte forma:
1ª oficina: Conhecimento da história do jogo: Li para os alunos a história do pequeno Yuri, que no dia de seu aniversário ganhou de seus pais um jogo de xadrez. Dentro do texto já destaquei algumas peças e características do jogo, que fui elencando juntamente com os alunos na lousa, para posteriormente conversar com eles sobre as mesmas. Uma coisa que chamou muita atenção dos alunos foi o fato do xadrez atual ter o nome de “Chaturanga”.
2ª oficina: Conhecimento do tabuleiro e das peças: Na lousa interativa apresentei para os alunos um desenho intitulado “Geri´s game” no qual um velhinho joga xadrez sozinho. Voltamos à sala e discutimos os aspectos do desenho, depois eu desenhei um tabuleiro na lousa, e contei uma história de um casamento entre o rei e a dama. Peça a peça fomos, eu e os alunos montando o tabuleiro. Ao final da história os alunos sozinhos, em um primeiro momento e depois em duplas montaram novamente o tabuleiro para assimilação de todos e também para a colocação das peças.
3ª oficina: As peças e suas movimentações (peão e torre): A partir deste momento a maioria dos alunos já tinha conhecimento de como se montava o tabuleiro. Era hora de começar a conhecer os movimentos das peças. Com ajuda dos alunos, montamos um teatro, desta forma as peças começavam a ganhar vida, deixaram de ser simples peças colocadas no tabuleiro, afinal agora elas se movimentavam. Um fato que me chamou muito a atenção foi o aluno Mateus do 3º ano, que era agitadíssimo em sala, ele ficou pacientemente ensinando a aluna Morine que estava com dificuldade em aprender a movimentação e captura pelo peão. Depois de explicado as movimentações de peão e torre os alunos realizaram então, um jogo com estas peças, o jogo da torre e do peão, onde eles mostravam o conhecimento adquirido na aula.
4ª oficina: As peças e suas movimentações (bispo e cavalo): Em um primeiro momento os alunos, sempre sentados em duplas, montavam seus tabuleiros com todas as peças, depois retiravam as peças que não seriam utilizadas no momento. Iniciei as intervenções com as peças bispo e cavalo. Mostrei para os alunos como se movimentavam as duas peças. O cavalo foi muito mais fácil para os alunos, pois sua movimentação em “L”, construindo a palavra “CA-VA-LO”. O que mais se ouvia na sala de aula era os alunos repetindo “- CA-VA-LO”.
No decorrer desta oficina surgiu uma necessidade! Os alunos queriam jogar em suas casas, mas seus familiares não sabiam. Lançamos um desafio, no qual os alunos deveriam ensinar seus familiares. Nesta etapa o projeto já estava tomando outras proporções, a de reunir a família para aprenderem juntos o jogo do xadrez e colocarem em prática entre elas.
5ª oficina: As peças e suas movimentações (dama e rei): Por fim era hora de encher o tabuleiro que ainda tinha algumas casas vazias. Usei algumas estratégias como: o rei que é o dono do reino, não pode se cansar muito por isso ele anda uma casa só. A dama é a protetora do rei precisa ser rápida, por isso anda mais casas e para todos os lados. Pronto! Nosso tabuleiro estava montado, todas as peças prontas para o jogo. Agora era hora de ver o conhecimento que os alunos conseguiram adquirir de tudo que foi passado até o momento. Fomos ao jogo. Todos os alunos em duplas se cumprimentaram e começaram a jogar, neste momento surgiram vários questionamentos. “- Professor, como se movimenta o peão mesmo?” Para minha surpresa o próprio parceiro explicaria, “- Ele anda pra frente e captura para os lados.” Conteúdo assimilado pude continuar com as aulas.
6ª oficina: Abertura e primeiros passos do jogo: Os alunos já tinham conseguido entender a dinâmica do jogo, mas era preciso saber os atalhos, como iniciar uma boa partida. Depois de montado o tabuleiro, fui explicando sua principal parte, o centro, Mostrei aos alunos que quem conseguisse dominar primeiro esta parte teria mais chances de ter sucesso. Fiz uma analogia com o futebol, onde o time que consegue dominar o centro do campo consegue mais sucesso. Coloquei para os alunos que neste processo a atenção é fundamental.
A atividade do projeto caminhava a todo vapor, decidimos então realizar um festival de xadrez em duplas, no qual cada aluno poderia participar com algum membro da sua família.
Neste momento surgiu mais uma necessidade: os tabuleiros que tínhamos na escola não seriam suficientes para a realização do festival. Entramos em contato com o Projeto Pintando a Liberdade, do Governo Federal e solicitamos mais tabuleiros para nossa escola, Fomos prontamente atendidos. Agora sim poderíamos realizar nosso festival.
Organizei com a ajuda da escola as inscrições para o 1º festival de xadrez de duplas. As mesmas foram enviadas através dos alunos para casa.
7ª oficina: Prática do jogo, xeque e xeque-mate: Os alunos já retinham muitas informações do jogo, já conseguiam desenvolvê-lo. Era momento de saber finalizá-lo, ou seja, conseguirem dar um “xeque” no adversário. Foi o máximo! Outra vez ouvi o borbulho na sala, -“xeque”, “xeque-mate”. Aos poucos eles foram entendendo como podiam evitar e como também se livrar de um “xeque”. O jogo tomou forma nas salas, os alunos estavam prontos para o grande desafio. Era preciso ensinar seus pais a jogar, para daí juntos jogarem no 1º Festival de Xadrez em duplas da escola, que estava se aproximando.
8ª oficina: Prática do jogo e encerramento do Projeto. Na última semana do projeto os alunos tiraram suas duvidas. Estavam ansiosos para o dia do festival. Na finalização do projeto realizou-se um festival em duplas entre pais e alunos, neste festival participaram aproximadamente 300 pessoas.
Com as inscrições previamente feitas, os espaços foram organizados separando as turmas por séries: uma sala para as duplas dos segundos anos e dos terceiros anos. As mesas e tabuleiros estavam prontos, só aguardando os jogadores. Iniciou-se as partidas. As duplas revezaram-se nos tabuleiros. Várias partidas aconteceram ao mesmo tempo. Em uma noite fria e chuvosa todos participaram envolvidos, no final do festival todos os alunos participantes receberam uma medalha e seus pais receberam um texto sobreo projeto, como prêmio de participação.
O 1º festival de xadrez de duplas da EMEB Prof. Geraldo Pinto Duarte Paes, como foi intitulado, aconteceu no dia 24/04/09, no período noturno recebendo pais e filhos. Para sua realização, o evento contou com a colaboração de toda equipe escolar, que proporcionou a todos os presentes, momentos ricos de imensa integração entre escola, pais e comunidade.
AVALIAÇÃO
O projeto teve início em Março do ano corrente, sendo desenvolvido dentro da oficina de Corpo e Movimento. Em um primeiro momento conquistei os alunos para a prática do xadrez. Trouxe personagens que fossem palpáveis para os alunos com os quais eles conseguissem assimilar o conteúdo.
A cada oficina era realizada uma avaliação de todo conteúdo apresentado, para que fosse possível verificar o conteúdo que os alunos tinham retido, e se já podia passar para a próxima oficina ou teria que retomar algum conteúdo, pois as aulas seguintes sempre dependiam de um conhecimento adquirido em aulas anteriores, a avaliação foi feita em sala, com perguntas relativas ao conteúdo da aula, e em jogos relativos as peças com as quais estávamos trabalhando no dia.
Os alunos foram responsáveis pela avaliação, pois jogavam em duplas e tinham a chance de sempre estar observando as jogadas do adversário. Uma fala que ficou fixada pelos alunos é “- Para você jogar bem precisa sempre ajudar o seu adversário, quanto mais ele aprende mais você precisa aprender também.”
A avaliação do projeto é positiva, os alunos de um modo geral conseguiram assimilar os conteúdos. No decorrer do percurso os alunos demonstraram grande vontade de começar a praticar o jogo em casa com seus familiares, mas foi encontrada uma barreira, seus familiares não sabiam jogar xadrez, lançamos uma proposta para os alunos, ensinar seus familiares a jogar, para que todos pudessem aprender, e juntos jogar, assim conseguimos fazer um elo de aprendizagem: escola-família-escola. Os alunos ficaram muito entusiasmados com os avanços no jogo, eles aprendiam na escola e tinham a oportunidade de ensinar em seus lares.
Inicialmente faríamos um festival interno com os alunos, como fechamento e avaliação final do projeto, mas devido às proporções que o projeto tomou, no qual os alunos jogavam não somente dentro das salas de aula, mas também em seus lares com seus familiares, propus um festival em duplas, em que cada aluno participante jogaria com um familiar, os alunos toparam a idéia e o festival foi um sucesso!
AUTOAVALIAÇÃO
Desde 2006 desejava trabalhar xadrez nas minhas aulas, e nessa escola encontrei o espaço necessário, e no novo projeto que minha escola está desenvolvendo, este meu desejo se encaixou perfeitamente.
A minha maior satisfação foi perceber que as minhas aulas estavam sendo entendidas e os alunos estavam conseguindo captar o conteúdo apresentado. A avaliação que faço do projeto é muito positiva, pois percebi que os alunos em um primeiro momento tinham pouco conhecimento do xadrez, agora conseguem desenvolver o jogo sem grandes dificuldades. Umas das maiores satisfações foi o fato de uma mãe de um aluno do 3º ano, que também é professora de educação física, me falar que há tempos tentava ensinar seu filho a jogar e não tinha êxito, e em oito aulas ele conseguiu aprender o jogo e desenvolver sem problemas até ensinando ela a jogar.
Eu como Professor vejo que, todo processo foi positivo, tendo em vista o desafio que era grande no inicio do ano, uma escola nova, um projeto novo, e lançar uma nova proposta de ensino.
Desenvolver este projeto dentro da escola me fez repensar em muito na maneira de ensinar a educação física. Pude perceber que uma aula de educação física pode ser muito proveitosa e prazerosa longe das quatro linhas da quadra e que atividades diferenciadas chamam em muito a atenção dos alunos.
Nos dias de hoje é necessário refletir sobre as atividades corriqueiras, o xadrez traz esta possibilidade, onde o aluno reflete sobre seus atos.
É certo que precisaremos fazer alguns ajustes para o próximo ano, já que os alunos de 2º e 3º anos continuarão na escola. Os alunos já têm um conhecimento adquirido. para os novos alunos poderemos manter alguns aspectos importantes de aprendizagens citadas e vividas. Algumas aulas precisarão ser reformuladas e refeitas. Estes ajustes poderão ser relatados em um próximo projeto, como estou referindo-me a este, paro por aqui, sabendo que meus alunos tiveram a oportunidade de adquirir um novo conhecimento e que puderam ser propagadores de um conteúdo assimilado e aprendido dentro da sala de aula nas suas casas com seus familiares.

JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS, UMA PROPOSTA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

                                                                                                              
Sérgio Jesus de Andrade
                 Orientadora: Profª Renata Costa de Toledo Russo
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ - ESEF

RESUMO
Este estudo de cunho bibliográfico têm como objetivo fazer um resgate cultural dos jogos e brincadeiras tradicionais que estão se perdendo com o passar do tempo. Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para brincar. Enquanto que em épocas passadas elas tinham as ruas, parques, bosques, hoje em dia estes espaços estão cada vez mais escassos, sem falar da falta de segurança e a concorrência com os carros nas ruas, sem falar também da concorrência com o vídeo game e o computador. O brincar faz parte da vida da criança, e é uma fonte natural de conquistas, vivências e novas experiências, é no brincar que as crianças aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, vivências como: o respeito, entendimentos de regras, viver em grupos, dividir espaço e material, entre outras experiências que o brincar pode oferecer as crianças.Para muitas crianças a escola é o único espaço para brincar, o que torna a educação física escolar um pouco diferente do que se vivia em épocas anteriores. Nos dias de hoje o brincar está muito mais presente dentro das aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da quadra com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e brincadeiras tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha, barra manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas.
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Física Escolar

INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para brincar, enquanto que em épocas passadas elas brincavam nas ruas, parques, bosques. Atualmente esses espaços estão cada vez mais escassos, sem falar na falta de segurança e o excesso de carros nas ruas como também da concorrência desleal com o vídeo game e o computador.
O brincar faz parte da vida da criança, é uma fonte natural de conquistas, vivências e novas experiências. É no brincar que as crianças aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, vivências como: o respeito, entendimentos de regras, viver em grupos, dividir espaço e material, entre outras experiências que o brincar pode oferecer as crianças.
Nos dias de hoje para muitas crianças a escola é o único espaço para brincar, o que torna a Educação Física Escolar um pouco diferente do que se vias em épocas anteriores. Hoje em dia o brincar está muito mais presente dentro das aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da quadra com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e brincadeiras tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha, barra manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas.

DEFININDO CULTURA

Para começarmos a definir cultura vamos recorrer ao dicionário da língua portuguesa, no qual XIMENES (2000) definiu “cultura como ação ou modo de cultivar. 2. Plantação. 3. Desenvolvimento intelectual. 4. Antrop. Conjunto de experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições, produções artísticas e intelectuais) que caracterizam uma sociedade. 5. Conjunto de conhecimentos adquiridos numa determinada área de atividade. 6. Conjunto de atitudes e comportamentos que caracterizam certa mentalidade. => Cultura inflacionária.
Assim antropologicamente falando podemos definir cultura como: conjunto de experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições, produções artísticas e intelectuais), (XIMENES, 2000).
A palavra “cultura”, em sua origem no latim, significa ação ou maneira de explorar certas produções naturais, cuidado com o campo e criação de animais. Sua origem, portanto, está associada à ideia de trabalho produtivo. (NEIRA, 2008).
Nesta ideia de Neira (2008), a cultura estava somente relacionada ao trabalho no campo.
Podemos também definir cultura segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (Brasil, 1998) como:
[..] um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo. Neles o indivíduo é formado desde o momento de sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, aprende os conhecimentos e valores do grupo; por eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo social a concebe. (p. 27).

A cultura é tudo aquilo que criamos, vivenciamos, modificamos e adaptamos conforme nossas necessidades como explica (DAOLIO , 1995).
O homem é um ser influenciável, e como a cultura de um povo pode influenciar outro, com o passar das gerações os homens vão mudando, aperfeiçoando e aprimorando, com tudo isso algumas coisas vão ficando para trás, como por exemplo, as rodas familiares de conversas, as brincadeiras na rua, as festividades que antigamente ocorriam nas casas, ruas e igrejas. Nos dias de hoje os eventos festivos acontecem de forma isolada, sem o engajamento de muitas famílias, fazendo que certas tradições se percam no tempo.
Segundo NEIRA (2008, p.33),
em 1871, Edward B. Tylor, etnólogo inglês, utilizou o termo “cultura” (em inglês, culture) como síntese de kultur e civilization, abrangendo em uma só palavra todas as realizações produzidas pelo homem ao longo da sua história. Essa definição caracterizada “cultura” como algo adquirido, refutando a ideia inata, dependente biologicamente.

Acompanhando o raciocínio do autor, podemos afirmar que todas as produções humanas ao longo dos tempos são formas de cultura.
Os jogos, brinquedos e brincadeiras, são elementos da cultura de um povo, e não podem perder suas características com o passar dos tempos. A cada geração temos que levar estas características aos mais novos, estes jogos, brinquedos e brincadeiras possuem um repertório riquíssimo, podendo ser inseridos nas aulas de Educação Física Escolar podendo facilitar em muito nossas aulas.


A IMPORTÂNCIA DO RESGATE DE JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

Por toda sua infância o brincar é uma coisa muito presente na vida das crianças. Em épocas passadas as brincadeiras tinham como principal local a rua ou espaços abertos, sem o grande fluxo de carros e com segurança.
Nos dias de hoje as brincadeiras monótonas, e/ou pouco gasto de energia vem ganhando espaço na vida das crianças. Os computadores, os vídeos games, a televisão se tornaram grandes aliados dos pais e crianças quando a questão é brincar. Por parte dos pais por serem sempre dentro de casa, sob a supervisão dos mesmos, e por parte dos filhos, que tendo em vista não poderem sair na rua para brincar se refugiam nas telas dos mesmos.
Segundo Betti (1998) apud Costa (2006), os adolescentes brasileiros despedem em média quatro horas por dia vendo televisão.
Os jogos e brincadeiras folclóricas foram perdendo espaço com o passar dos tempos, ora pela falta de espaço, ora pela falta de segurança como afirma FARIA JUNIOR (1996):
[...] jogos populares infantis, parlendas e brinquedos cantados foram sendo perdidos (ou transformados) nos últimos cinquenta anos, possivelmente como consequência dos processos de urbanização e de industrialização. (p.59)
O brincar é algo presente para todos, principalmente para as crianças. Para algumas é tão sério quanto o trabalho dos seus pais, pois na brincadeira pode ser livre para criar e vencer seus próprios limites.
Para alguns o espaço escolar é o único momento em que esta criança pode brincar sem estar o tempo todo voltada para um equipamento eletrônico. Sentar no chão, rolar, correr, gritar, extravasar, são algumas das sensações que os alunos sentem durante uma aula. Uma brincadeira, por exemplo, de pegar, onde o aluno precisa correr para “fugir” do pegador, pode liberar muitas sensações diferentes em cada aluno da sala de aula. Enquanto um aluno que se movimenta pouco pode estar com a adrenalina a mil, outro aluno que tem um repertório motor mais vasto está tranquilo e calmo esperando o pegador se aproximar mais para depois sair correndo.
O brincar é algo nato da criança, em todos os momentos nos quais não está realizando algo que algum adulto pediu, ela está brincando, seja com um brinquedo ou com alguma “coisa” que ela encontrou no chão.
Segundo Borba (2006), estudos da Psicologia baseados em uma visão histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil apontam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem, sendo assim por que não trazer o brincar para a Educação Física Escolar?
Pipa, esconde-esconde, pique, passaraio, bolinha de gude, bate mãos, amarelinha, queimada, cinco-marias, corda, pique-bandeira, polícia e ladrão, elástico, casinha, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-heróis...Brincadeiras que nos remetem à nossa própria infância e também nos levam a refletir sobre as crianças contemporânea: de que as crianças brincam hoje? Como e com quem brincam? (BORBA, 2006, p.33).

Devido ao grande desenvolvimento das cidades, os espaços estão ficando cada vez mais limitados, as crianças estão sendo obrigadas a brincar em pequenos espaços, e em muitos casos, só sobrando as aulas de Educação Física nas escolas, ficando para nós Professores de Educação Física a responsabilidade de propagar para os alunos, os brinquedos e brincadeiras que os seus pais e avós brincavam na sua infância.
Segundo Cascudo (1984) e Kishimoto (1999; 2003), os jogos tradicionais infantis fazem parte da cultura popular, expressam a produção espiritual de um povo em uma determinada época histórica, são transmitidos pela oralidade e sempre estão em transformação, incorporando as criações anônimas de geração em geração. Ligados ao folclore, possuem as características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação e mudança. As brincadeiras tradicionais possuem, enquanto manifestações da cultura popular, a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver a convivência social.
Os jogos e brincadeiras tradicionais como podemos observar em Kishimoto (1992) apud Calegari e Prodocimo (2006), que antigamente eram passados de geração para geração, hoje se perdem por diversos motivos, um dos quais podemos citar, é a pouca convivência familiar, devido aos muitos compromissos assumidos pelas famílias no dia-a-dia. Os pais trabalham fora o dia todo, as crianças por sua vez, ao invés de brincar, estão indo cada vez mais cedo para cursinhos e escolinhas, perdendo o pouco tempo disponível para brincar.
Nos dias de hoje o que está faltando para que nossas crianças brinquem?
A meu ver, um dos fatores é o fato das crianças não saberem do que brincar, como poderão elas brincar de algo que não lhes foi ensinado?
Como uma criança pode brincar de mãe da rua em frente a sua casa se ela nunca nem ouviu falar desta brincadeira?
Estes questionamentos podem resolver alguns dos problemas que às vezes ocorrem nas aulas de Educação Física, nós Professores de Educação Física podemos fazer este resgate cultural de brinquedos, jogos e brincadeiras e levar ao conhecimento de nossos alunos durante nossas aulas, possibilitando que eles adquiram este conhecimento, não somente apresentar os brinquedos, jogos e brincadeira, mas também trazer ao conhecimento do aluno toda sua história, e trajetória pelo mundo.
[...] é lamentável o fato de que estas brincadeiras tradicionais não se tenham sido incorporadas ao conteúdo pedagógico das aulas de Educação Física. Pois, aprender a trabalhar com essas brincadeiras poderia garantir um bom desenvolvimento das habilidades motoras sem precisar impor as crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha. (FREIRE, 2003, apud SANTOS, 2009, p. 211).
O brincar é algo inato á criança, os jogos e brincadeiras tradicionais trazem um repertório motor riquíssimo para as crianças, quando temos a possibilidade de incorporar estes jogos e brincadeiras tradicionais nas aulas, damos a possibilidade das crianças vivenciarem um pouco mais da cultura do nosso povo, ganhando em conhecimento e aprendizagem motora.
Velasco (1996), afirma que na antiguidade as crianças brincavam e participavam das festividades, lazer e jogos dos adultos, mas ao mesmo tempo tinham também um espaço reservado para que elas realizassem suas próprias atividades. O que incluía nestas atividades o que hoje chamamos de brincadeiras populares, pois naquela época a brincadeira era considerada um elemento cultural, do riso e do folclore.
Ao observarmos uma criança que brinca, percebemos uma coisa curiosa: seu estado de espírito coincide com sua concentração no objeto da brincadeira, jamais é estático e possui um sentido de atração que contagia. (JUNIOR, 1999).
Como podemos observar os jogos e brincadeiras folclóricas são de extrema importância no desenvolvimento motor da criança, mas até que ponto podemos afirmar que uma brincadeira de rua pode ser importante no desenvolvimento motor e social da criança?
Cavallari e Zacharias (1997) afirmam que é difícil estabelecer que uma determinada atividade é uma brincadeira, um pequeno jogo ou um grande jogo. Para podermos definir, temos que ver como esta atividade será desenvolvida no caso estudado e assim chegar a uma conclusão. O próprio professor pode utilizar uma mesma atividade em forma de brincadeira, pequeno jogo ou grande jogo, adaptando-se ao publico a ser atingido. Para transformar uma brincadeira em jogo ou vice-versa, basta utilizar as regras de acordo com as características da atividade.
Uma brincadeira de rua, um jogo popular, pode facilmente ser inserido nas aulas de Educação Física, basta o Professor dar o enfoque adequado na atividade. Uma brincadeira de mãe da rua, por exemplo, pode ser inserida nas aulas de correr, tendo em vista a complexidade da atividade, uma vez que os alunos são “obrigados” a estarem sempre atentos ao pegador, para poderem desviar e não serem pegos, podemos ainda trabalhar diversas capacidades físicas nesta mesma aula.
O brincar é algo que acompanha a criança por toda sua vida, de acordo com LOPES (2001, p. 35), o jogo e o exercício, é a preparação para a vida adulta. “A criança aprende brincando, e é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”.
Não podemos deixar de lado o fato das crianças viverem em casas e apartamentos, sendo assim também não podemos desvincular a rua da escola.  Antigamente os grandes talentos eram descobertos em peneirões realizados nas várzeas, nas poucas quadras poliesportivas que existiam, e nos dias de hoje eles são descobertos nas escolinhas de esporte. O que antes se aprendia na rua, hoje se aprende nas escolinhas, este fato reforça ainda mais o papel do Professor de Educação Física escolar, evidenciar em suas aulas vivências que possibilitem o desenvolvimento motor, levando ao aluno conhecimento e vivências motoras. Não devemos traçar uma linha de separação entre a rua e a escola, os poucos jogos e brincadeiras que hoje se aprende nas ruas podem servir em muito para as nossas aulas.
Os jogos e brincadeiras populares citados por Kishimoto apud Moreira (2008), por serem passados de geração em geração, trazem toda uma bagagem cultural, é muito rico em questões de respeito e de convivência, os quais uma criança não consegue jogando a frente de um computador ou vídeo-game. Possibilitar as vivências corporais coloca a criança defronte aos seus medos e aumenta sua capacidade de resolução de problemas, preparando-as para o futuro. A responsabilidade da escolha da atividade apropriada é do Professor de Educação Física escolar, que deve propor situações onde a criança possa correr, pular, rolar, girar, explorar as suas habilidades e desenvolver mais algumas.
Segundo HUIZINGA (1980, p. 33)
 o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em sim mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana.
Todo jogo tem sua regra própria, com elas a criança consegue desenvolver habilidades para entender as regras do dia-a-dia, uma criança que brinca e compreende as regras de um jogo ou brincadeira, se torna um adulto entendedor das regras da vida.
Os jogos como conteúdos escolares podem ser considerados como um dos que apresentam maiores facilidades de aplicação por diferentes razões, entre elas:
·              Não são desconhecidos da criança, uma vez que a maioria já participou de diferentes jogos e brincadeiras;
·              Não exigem espaço ou material sofisticado (embora possam existir jogos com tais exigências);
·              Podem variar em complexidade de regras, ou seja, desde pequeno pode-se jogar com poucas regras ou chegar a jogos com regras de altíssimo nível de complexidade;
·              Podem ser praticados em qualquer faixa etária;
·              São divertidos e prazerosos para os seus participantes (a menos que sejam levados a extremos de competição);
·              Aprende-se o jogo pelo método global, diferentemente do esporte, que geralmente é aprendido/ensinado por partes. Ao contrário, em um grande jogo, aprendemos jogando, não se explica e se “treina” as partes para depois se jogar; a graça de se aprender o jogo está em justamente jogá-lo. Não se aprende a arremessar para depois se aprender a jogar queimada, o arremesso é aprendido durante o jogo. Se o arremesso deve ser mais forte, mais forte, mais fraco, em determinada direção, para cima ou para baixo, é o contexto do jogo que vai determinar. Os jogos coletivos foram criados desta maneira, as pessoas aprendiam jogando, somente mais tarde, com a técnica e a ciência é que passou a ensinar com decomposição de partes. (DARIDO e RANGEL, 2005, p.158; 159).
Os jogos e brincadeiras tradicionais elevam o conhecimento intelectual das crianças, conhecer a história de um jogo, saber de onde veio, e os lugares onde se joga. Sabemos que os jogos e brincadeiras modificam de região para região, conforme afirmam Darido e Rangel (2005) as brincadeiras costumam variar conforme a região, mas mantêm sua essência e sua forma; essas diferenças deveriam ser ensinadas aos alunos conforme elas aparecem e de acordo com o nível de interesse dos mesmos.
Muitos dos jogos e brincadeiras que ainda conhecemos nos dias de hoje podemos encontrar no quadro que veremos logo abaixo chamado “Brincadeiras infantis”. Esse quadro foi pintado pelo artista holandês, Pieter Bruegel, por volta do ano de 1560.

Brincadeiras infantis, BRUEGEL, 1560, 118 cm x 161 cm. http://www.educandario.com.br/Revista/220909/peqbruegel.jpg

Observando esta pintura conseguimos elencar 84 brincadeiras com as quais as crianças brincavam por volta de 1560. Podemos também observar o estilo do bairro, ruas amplas de terra batida, muito espaço para que as crianças brinquem a vontade, aspectos que nos dias de hoje são quase impossíveis de se encontrar.
As brincadeiras costumam variar conforme a região, mas mantêm sua essência, sua forma e sua poesia. O aspecto que mais se altera é a letra das canções e o próprio nome dos jogos. Aliás, no Brasil, há uma riqueza muito grande de jogos e brincadeiras, uma vez que os herdamos dos portugueses, índios e negros numa quantidade incrível. (DARIDO e RANGEL, 2005, p.158).
DARIDO E RANGEL (2005) dizem que: “a Educação Física, ao considerar o jogo conteúdo, colabora para que o mesmo continue a ser transmitido de geração, alicerçando esse patrimônio cultural tão importante para a humanidade.” (p. 158)
Contudo não podemos desvincular estes conteúdos das aulas de Educação Física Escolar, nossos alunos merecem ter contato com todas estas vivências, sejam elas motoras ou intelectuais.
As aulas de Educação Física Escolar são um rico momento de trocas de cultura, nelas acontece o que podemos chamar de pluralidade cultural, pois nossos alunos são oriundos de diversas regiões, assim como seus pais, com isso trazem uma bagagem cultural imensa.
Como proposta de trabalho a ser desenvolvida na aula de Educação Física, vamos analisar o que segundo Neira & Nunes (2008), pode ajudar em muito nossas expectativas junto aos nossos alunos.
Segundo NEIRA & NUNES (2008, p. 252)
socializar e ampliar o repertório de brincadeiras, rodas cantadas e lengalengas pertencentes à cultura corporal. Conhecer suas variações regionais, procedimentais e nominais. Adaptá-las para as condições do grupo (número de alunos, espaço físico, tempo de aula). Adotar uma postura participativa e não preconceituosa em relação às diferenças físicas, sexuais e raciais.

Seguindo a proposta de Neira (2008) de montar um projeto para se trabalhar com os jogos e brincadeiras populares podemos ter a dimensão da grandeza das propostas e possibilidades para se conseguir desenvolver o trabalho com jogos e brincadeiras.
Pensando neste texto resolvemos elaborar com os alunos uma pesquisa, onde eles perguntariam a seus pais e avós, com quais brincadeiras eles brincavam na infância, em outro momento em sala de aula levantamos quais as brincadeiras que os alunos brincam nos dias de hoje, para depois colocar no quadro as brincadeiras dos pais, para nossa surpresa as brincadeiras antigas são pouco brincadas nos dias de hoje. Elas estão perdendo espaço para as brincadeiras individuais, onde o brincar é isolado, sozinho.
Passando esta etapa de levantamento das brincadeiras que os pais e avós de meus alunos brincavam, elaboramos um projeto de resgate folclórico de jogos e brincadeiras, onde colocamos algumas das brincadeiras citadas pelos pais e avós. Elencamos todas as brincadeiras citadas, no quadro e cada sala foi escolhendo quais brincadeiras eles queriam aprender, no mês de Agosto de 2009, demos inicio ao projeto, o qual foi enriquecedor e muito proveitoso para os alunos.
Os jogos e brincadeiras tradicionais serviram como facilitador para as aulas de Educação Física Escolar, pois além dos alunos terem o contato com os jogos nas aulas, ao chegar a casa, podiam contar com o apoio de seus pais, que também conheciam os jogos e brincadeiras e podiam contribuir com mais informações, as quais sempre enriqueciam as próximas aulas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após realizarmos esta revisão bibliográfica podemos perceber o quão importante para os nossos alunos é o resgate dos jogos e brincadeiras tradicionais, pois além de terem um vasto e rico repertório motor, é uma fonte inesgotável de cultura, possibilitando inúmeras possibilidades de aprendizagem motora e cultural.
Podemos perceber que nossos alunos estão a cada dia perdendo os espaços para que possam se movimentar e colocar seus corpos em ação.
Percebemos que os jogos de vídeo-game, computador e a televisão são grandes aliados de pais e crianças quando pensamos no brincar, mas estes vêm tirando as possibilidades de aprendizagem motora de nossos alunos.
As aulas de Educação Física Escolar podem se tornar muito mais atrativas e possibilitar inúmeras combinações de jogos e brincadeiras, para que a aprendizagem motora e cultural de nossos seja significativa, podemos traçar um elo de aprendizagem, escola-familía-escola, ou família-escola-familía, que facilita as nossas vidas de Professores de Educação Física Escolar, e melhora em muito os aspectos motores de nossos alunos, tendo em vista que os pais também conhecem algumas das atividades que vamos trabalhar durante nossas aulas, podendo contribuir com sugestões e trazendo novas formas de brincar.

REFERÊNCIAS

BORBA, A M, O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Ensino Fundamental de nove anos. Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade, 2006. Brasília: FNDE, estação Gráfica, 2006.
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XIMENES, S. Minidicionário Ediouro da Língua portuguesa, Ediouro, SP, 2000.

JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS, UMA PROPOSTA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR