domingo, 14 de novembro de 2010

COMO AVALIAR EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Como avaliar na Educação Física
Esqueça uniforme, frequência ou "veia" de campeão. Para levar os alunos a conhecer o próprio corpo, o melhor caminho é diagnóstico prévio e análise constante
Cristiane Marangon (novaescola@atleitor.com.br)
Na Educação Física a avaliação é a chance de verificar se o aluno aprendeu a conhecer o próprio corpo e a valorizar a atividade física como fator de qualidade de vida. Portanto, nada de considerar apenas a frequência às aulas, o uniforme ou a participação em jogos e competições - nem comparar os que têm "veia" de campeão com os que não têm. Não há uma única fórmula pronta para avaliar, mas é essencial detectar as dificuldades e os progressos dos estudantes. "O mais indicado é não utilizar um só padrão para todos, mas fazer um diagnóstico inicial para poder acompanhar o desenvolvimento de cada um", resume Alexandre Moraes de Mello, diretor da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Em fichas, a evolução 
Cleverson da Silva, professor do Colégio Estadual Núcleo Social Yvone Pimentel, em Curitiba, sempre verifica a condição física de seus alunos. No começo de 2002 ele notou que Karoline Pialecki, da 6ª série, tinha pouca flexibilidade para a idade e as condições físicas. Silva deu alongamentos em todas as aulas e, em agosto, repetiu o teste (fotos ao lado). A menina tinha evoluído 11 pontos. "Hoje o passatempo dela e das amigas é fazer exercícios na hora do intervalo", diz. Para perceber os avanços de cada aluno, Silva criou fichas em que anota a evolução aula por aula. Outros instrumentos muito úteis são relatórios, dinâmicas, redações e auto-avaliações.

O caminho das pedras
Na Educação Física, como em todas as outras áreas, para avaliar bem é preciso definir os objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado e os critérios para observar a evolução da aprendizagem. Exemplos: descobrir o próprio corpo para utilizá-lo melhor em atividades motoras básicas (correr, saltar) ou específicas (passes no basquete ou handebol, chutes no futebol) e compreender e respeitar as regras de um jogo e agir cooperativamente.

As primeiras aulas funcionam como referência, para que o professor faça a análise inicial da turma, observando e registrando as características de cada estudante. Independentemente de o grupo conhecer ou não a atividade, é preciso explicar, desde o início, os motivos pelos quais ela faz parte do programa, quais os movimentos, as capacidades e as habilidades que serão trabalhados e que aspectos serão avaliados, coletiva e individualmente. "O estudante precisa conhecer quando e como será julgado", explica Caio Martins Costa, consultor na área de Educação Física do Colégio Friburgo, em São Paulo.


Prazer de ver avançar quem tem pouca aptidão
É comum o professor de Educação Física encher os olhos quando vê alunos habilidosos nos esportes. Alexandre Moraes de Mello propõe olhar também de modo inverso.

"A criança com pouca vivência motora é a mais importante para o trabalho docente, justamente porque representa um desafio", diz. Com esse tipo de estudante é preciso aplicar métodos adequados para trabalhar suas dificuldades específicas. Mello afirma que agir dessa maneira compensa, pois o prazer de ver o crescimento do estudante não tem preço.
Os três focos 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam três focos principais de avaliação na Educação Física:


Valorização da cultura corporal de movimento É importante avaliar não só se o educando valoriza e participa de jogos esportivos. Relevante também é seu interesse e sua participação em danças, brincadeiras, excursões e outras formas de atividade física que compõem a nossa cultura dentro e fora da escola.

Relação da Educação Física com saúde e qualidade de vida
  É necessário verificar como crianças e jovens relacionam elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito mais amplo, de qualidade de vida.
Realização das práticas É preciso observar primeiro se o estudante respeita o companheiro, como lida com as próprias limitações (e as dos colegas) e como participa dentro do grupo. Em segundo lugar vem o saber fazer, o desempenho propriamente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização das mesmas. O professor deve estar atento para a realização correta de uma atividade e também como um aluno e o grupo formam equipes, montam um projeto e agem cooperativamente durante a aula.
Quer saber mais?
Caio Martins Costa, e-mail: caiomc@uol.com.br
Colégio Estadual Núcleo Social Yvone Pimentel, R. Sebastião Malucelli, 532, 81050-270, Curitiba, PR, tel. (0_ _41) 246-3945

BIBLIOGRAFIA
A Prática Educativa, Antoni Zabala, 224 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 34 reais
Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física, João Batista Freire, 224 págs., Ed. Scipione, tel. (0_ _11) 3277-1788, 20,90 reais
Metodologia do Ensino de Educação Física, vários autores, 120 págs., Ed. Cortez, tel. (0_ _11) 3864-0111, 16 reais
Psicomotricidade, Educação Física e Jogos Infantis, Alexandre Moraes de Mello, 96 págs., Ed. Ibrasa, tel. (0_ _11) 3107-4100,18 reais 

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